sábado, 15 de junho de 2013

Dia de Treinamento: Comprar o presente do dia dos namorados.



Chegamos ao shopping. Até então a dúvida era: calça ou camisa? Fomos às calças, primeiro. Quer dizer, não às calças, na loja onde tinha calças. Quer dizer, vocês entenderam!

Herlon queria uma calça jeans azul clara, dessas aqui, ó.



Mostrei pra ele o tom de azul mais claro que tinha, mas ele queria MAIS claro. Francamente, qual é a graça de se comprar uma jeans novo, que já parece velho? Acho que vou perguntar pra Britney Spears...

Bem, ele acabou desistindo da primeira loja porque não quis esperar apenas duas lavagens pra ter o jeans-da-cor-azul-clara-exatamente-como-ele-queria. Na terceira loja... Escolhemos umas quatro calças, ele foi para o provador e eu decidi ficar na fila do caixa porque, ora, véspera do dia dos namorados no shopping recém-inaugurado. Quer dizer, a cidade tava toda lá!

Quando eu já estava chegando na metade da fila, o Herlon aparece na porta do provador sem nenhuma calça na mão e fazendo sinal de negativo com a cabeça. Aí eu saí da fila do caixa, já que a gente não ia levar nada mesmo...

Mas eis que, já estávamos de saída quando ele começou a olhar umas camisas, até decidir provar algumas.

De modo que eu retornei à fila, indo para o último lugar, claro, e fiquei esperando o Herlon retornar. E fiquei esperando o Herlon retornar... E fiquei REALMENTE ESPERANDO o Herlon retornar...

Quando eu estava na última volta da fila (sim, a droga da fila estava dando voltas), resolvi ligar pro Herlon. O primeiro telefone deu sinal de chamada em espera. "Como assim, chamada em espera? Será que o Herlon tá falando com alguém no telefone dentro da droga do provador?" Eu pensei. Liguei para o segundo telefone e chamou até cair na caixa postal. Revezei mais algumas vezes entre um número e outro e sempre a mesma coisa. Ao que eu dei as seguintes justificativas: ele esqueceu um no carro (embora o Herlon nunca saia sem os dois celulares) e o outro, como é da TIM, deve estar sem sinal no provador. Como a gente pensa coisas sem sentido quando está esperando alguém na fila de um caixa...

Eu comecei realmente a me preocupar quando já havia passado mais de trinta minutos que eu esperava o Herlon sair daquele provador e nada. Quer dizer, que homem, pelo amor de Deus, passa mais de trinta minutos pra provar três camisas e escolher uma?! Quer dizer, não são eles mesmos que dizem que não têm paciência pra acompanhar as mulheres nas compras porque elas demoram demais?!

Bem, foi aí que vários pensamentos começaram a passar pela minha cabeça...

“E se ele ficou chateado de vir comigo ao shopping e resolveu ir embora e me deixar aqui?”

“E se ele passou mal dentro do provador e não teve como sair de lá antes de desmaiar?”

“E se ele desceu a escada rolante prendeu o pé,  tropeçou, bateu a cabeça, desmaiou e ninguém sabe que ele está acompanhado e levaram ele pro hospital?”

“E se ele acordou do desmaio mas, perdeu a memória e não sabia quem ele era e que eu estava esperando por ele na fila?”

Bem, quando eu fui pensar o próximo “E se...” eu resolvi parar com aquela droga e ir procurar ele no provador. O que eu estava tentando evitar até o último minuto porque, ora, eu ia ser obrigada a interagir com as pessoas desconhecidas daquela fila e quem me conhece bem sabe que, EU ODEIO INTERAGIR COM PESSOAS DESCONHECIDAS!

De modo que eu não tive outra escolha. Passei umas três pessoas na minha frente, virei para o senhor que estava atrás de mim e disse:

- Moço, o senhor guarda meu lugar enquanto eu vou ali no provador resgatar uma pessoa que está presa lá dentro com três camisas assassinas?

Mentira. Eu não falei a parte das camisas assassinas.
Bem, então corri pra lá, porém, como era um provador MASCULINO, eu não ia poder entrar. Daí, virei para o funcionário na porta e perguntei:

- Por favor, por acaso ainda está aí dentro um rapazinho que está vestido em uma camisa pólo bege e bermuda, que entrou com umas camisas?

Ao que ele perguntou:

- Rapazinho assim? (E colocou a mão na altura do peito dele).

- Não. Assim. (E coloquei a mão bem acima da minha cabeça).

- Ele tem nome?

- Herlon.

Então ele simplesmente saiu gritando na porta dos cubículos:

- HERLON! HERLON! HERLON, VOCÊ ESTÁ AÍ?

Quando finalmente o Herlon gritou de volta, dizendo:

- Eu tô aqui!

E daí eu voltei a ouvir a voz dele no provador, mas não falando comigo. E eu não tive outra reação a não ser colocar a mão na testa e girar no calcanhares dizendo:

- Mas eu não ACREDITO que ele tá esse tempo todo conversando no telefone!

E ao final do giro, eu dei de cara com uma platéia, que acompanhava aquele enredo todo, me olhando com cara de “hummm... que constrangedor... ele deve tá marcando um encontro com a outra...”

Então, o Herlon finalmente abriu a porta do provador e saiu com o telefone em um ouvido e a mão livre pra cima, dizendo:

- Tô vivo! Tô vivo!

Então eu olhei pra ele com cara de “eu não acredito que eu cheguei a pensar que você tinha enrolado o pé da escada, batido a cabeça e perdido a memória, quando você tava esse tempão todo aqui, falando nesse telefone!”.

É claro que ele não leu isso na minha cara. E ainda disse que viu minhas ligações para o outro celular, mas que colocou no silencioso por causa do barulho. E é claro que, obviamente, ele escolheu uma das camisas, porque senão, obviamente, alguém teria realmente parado no hospital sem memória, depois de rolar escada abaixo.

Porque, qual é? Eu estava com dor nas pernas, com fome, esperando mais de meia hora por outra que ficou mais da metade do tempo conversando no telefone!

E o Herlon até ia entender. Ele sempre diz que eu fico violenta quando tô com fome, né amor?


E é claro que a gente foi comer antes de ir comprar o meu presente que, por sinal, eu demorei menos de cinco minutos pra escolher...

Bem, vamos  esperar a aventura do próximo ano em que, segundo o Herlon, serei namorada-esposa.

Será bom começar o treinamento a partir de já?


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