terça-feira, 13 de setembro de 2011

Lágrimas do ofício.


Eu odeio chorar. Porém, eu choro muito. Choro por tudo.

Isso é meio chato, se você quer saber. Porque o nariz fica vermelho e escorrendo, congestiona suas vias aéreas, o rosto dói, às vezes. Sem falar nos olhos. O olho fica inchado, vermelho, um horror!

Eu sou assim, tipo, desde criança. Sempre tive a sensibilidade à flor da pele. Sempre fui muito sensível à críticas e reclamações e cara feia e puxões de orelha. Meus irmãos sempre diziam: "Ave Maria! Essa menina chora por tudo!"

Sabe aquela frase: "Chora até vendo comercial de sabão em pó com final feliz"? Pois é, se for bonitinho mesmo, não tem como meu olho não ficar "aguado", dependendo do período do mês.

O pior é que ainda tem esse agravante: a TPM, os hormônios. Vixe! Aí é que o "chorador" fica aberto mesmo.

Agora, quem odeia MESMO isso, é o Herlon, meu namorado. Ele não suporta ver mulher chorando. Pior quando a mulher em questão sou eu e as lágrimas saem depois de alguma coisa que ele me disse.

Mas não é que ele não gosta porque fica com sentimento de culpa por me fazer chorar, mesmo sem ter culpa muitas vezes. Ele odeia porque ODEIA. E não sei, tipo, se foi trauma de infância ou coisa parecida. O fato é que ele acha que lágrimas são sinal de fraqueza.

Bom, daí então surge um problema porque, ora, eu choro por qualquer coisa, então ele tem mesmo que conviver com isso, assim como eu convivo com a falta de memória dele.

Quer dizer, faz parte da relação: ele nunca chora e detesta meu choro; eu tenho memória de elefante e acho um absurdo ele esquecer as coisas o tempo todo. Ninguém é perfeito.

E eu até acho que o meu "chorador" é mais frouxo que o de todo mundo. Porque é impressionante, até pra mim, o que acontece comigo.

Quando eu fico nervosa, meu olho fica molhado. Quando eu acho alguma coisa, tipo, MUITO engraçada e caio na gargalhada, as lágrimas saem antes mesmo de eu começar a sorrir. Quando eu leio um texto bonito, eu sinto aquele ardorzinho no olho. Outro dia eu fiz uma declaração de amor pro Herlon e ele perguntou porque eu não disse aquilo sorrindo, ao invés de chorando - ele iria achar bem mais legal. (Mas eu não tava chorando, não... Só tava saindo água do meu olho...).

Eu chorei quando a Camila, de Laços de Família, teve que raspar a cabeça, por causa da leucemia. Eu chorei quando li Helena de Machado de Assis e chorei mais ainda quando li A Ira do Anjos, de Sidney Sheldon. Quando a Samantha terminou o namoro, ela chorava de um lado e eu chorava do outro. E, sim, eu admito que eu totalmente chorei quando eu vi o vídeo da formiguinha, rsrs. (Se você não viu o vídeo da formiguinha, olha aqui). 

E uma vez eu fiz greve de choro.É. Eu disse: "Você. Não. Vai. Mais. Chorar."

Então, toda vez que eu sentia o quentinho no olho eu me abanava com as mãos e fazia uma dança do índio esquisita e piscava os olhos feito uma doida (é claro que, escondida de todo mundo, pro povo não pensar que eu era doida de verdade). Até que funcionou um pouco.

Então, no começo de 2003 eu tive uma depressão. Foi a minha quebra da bolsa de 1929. Daí vocês concluem: eu chorava todo dia.

Era um choro sofrido e cheio  de tanta tristeza que foi bem pior do que hoje, que eu choro ocasionalmente por emoções verdadeiras, porque, naquele tempo, além de chorar eu esqueci de como se sorria. Eu desaprendi. Era esquisito. O riso saia forçado, fraquinho, quase uma careta.

Ah! Sei lá! Será que foi isso que "empenou" meu abridor de lágrimas?

Eu não sei. O que eu sei de verdade agora é que esse choro é só como eu consigo demonstrar minhas emoções. Seja de raiva, tristeza, amor, alegria, medo, angústia... Não é nada demais. É melhor do que eu sair socando gente por aí. (Embora eu ainda ache que o Herlon prefira que eu soque alguém, rsrs).

É isso ai!