sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O ladrão incompetente.



Fui batizada no quesito assalto. Não. Eu não virei assaltante. Eu é que fui assaltada, mesmo.

Então eu tava voltando da casa da minha amiga Samantha, indo pra casa a pé porque, ora, dessa vez eu estava realmente sem dinheiro na bolsa pra pegar o ônibus. Ainda bem.

Daí que eu vou atravessando a BR, muito tranquilamente e quando eu chego na entrada do Bela Vista (meu bairro), um culumim de mais ou menos 16, 17 anos vem em minha direção, numa bicicleta daquelas baixinhas, todo banhadinho, penteado, perfumado, com roupa limpa dizendo o seguinte:

- Eu só quero o celular, só o celular.

Imediatamente eu peguei o celular e entreguei pra ele, pensando que eu estava liberada já que ele tava totalmente "eu só quero o celular".

Só que a pessoa devia ser bipolar, né? Porque mudou de ideia logo depois.

Ele: - Cadê o dinheiro?

Eu: - Não tenho dinheiro. Já prestou atenção no mundo que nós vivemos hoje? É um perigo andar com dinheiro. Alôôu!! A gente totalmente pode ser assaltada por ai hoje em dia! (Mentira. Eu não falei isso. Mas eu pensei.)

Então o que eu respondi mesmo foi:

- Não tenho dinheiro.

O que ele meio que não acreditou.

Ele: - Umbora, cadê o dinheiro?! Eu tô armado! Eu tô armado!

Eu: - Não tá coisa nenhuma! Toma spray de pimenta nessa tua ventona aí!! (Mentira. Eu não disse isso. Nem tinha spray de pimenta. Mas eu bem que podia ter um, ora.)

O que eu fiz mesmo foi abrir a minha bolsa e repetir:

- Eu não tenho dinheiro.

E me senti bastante ofendida porque ele... bem, praticamente me chamou de mentirosa, se vocês querem saber. Porque continuou a me pedir dinheiro, mesmo eu dizendo que não tinha. E onde é que esse mundo vai parar, meu Deus, se as pessoas não acreditam mais umas nas outras...? Eu meio que acreditei nele quando ele disse que tinha uma arma, mesmo eu não vendo arma nenhuma. Poxa! Eu dei a ele um voto de confiança! E ele deveria ser educado e retribuir também. Tipo, se eu disse que não tinha dinheiro, ele deveria acreditar e ir embora com aquela cara feia dele e agradecer que eu dei meu celular pra ele de presente de Natal.

Ora, eu fui até bastante boazinha e uma vítima muito fácil de se lidar. Um ladrão colocou um revólver bem de verdade na cara da minha prima Dainna e ela (acreditem), não queria entregar. Eu facilitei muito a  vida dele.

Bem, mas ele não era um ladrão muito coerente. Fazer o que, né?

E aí eu disse:

- Eu só tenho umas moedinhas aqui.

Peguei a minha bolsinha de moedas que, por sinal, só tinha umas moedas de cinco centavos que não completavam nem cinquenta... Ele pegou, abriu e continuou perguntando pelo dinheiro.

- Umbora! Cadê o dinheiro de papel? (O que foi muito preconceituoso da parte dele porque, ora, quem disse que moeda não é dinheiro?).

Peguei minha carteira, entreguei pra ele, pedi pra ele olhar. Ele pegou, apoiou em cima da perna dele, folheou a carteira toda e não encontrou nada, mas ainda insistiu...

Abri mais ainda minha bolsa, ele mexeu lá dentro e também não encontrou nada...

Então eu disse: 

- Eu não tenho dinheiro. Pode levar minha bolsa.

E estendi a bolsa pra ele. O que ele não deve ter achado muito interessante porque minha bolsa não combinava nada com a roupa que ele tava usando, ou com a cor da bicicleta... que seja. Mas continuou com a história chata do dinheiro. Eu acho que ele era obsessivo compulsivo.

- Meu filho, essa sua obsessão com dinheiro já é uma coisa patológica. Vamo consultar um psiquiatra, fazer um tratamento, tomar uns "tarja preta"... Onde já se viu uma coisa dessas, gente?! Todo mundo quer dinheiro, meu filho. Mas a gente não pode ter tudo que a gente quer, pelo amor de Deus! Eu também quero tanta coisa!! Eu bem que queria ter um brilhante da Tiffany, mas eu não tenho! E eu fico atormentando as pessoas até a morte, pedindo um anel da Tiffany? NÃO!! EU NÃO FICO COISA NENHUMA!!

Mentira. Eu não disse isso. Mas eu bem que pensei.

Bom, o que aconteceu é que ele FINALMENTE, acreditou que eu não tinha mesmo dinheiro e se contentou com meu celular e minhas moedas de cinco centavos e foi embora, acreditem, sem levar meu colar de ouro, meu anel de ouro e meu relógio bacana!!! BURROOOOO!!! Dá zero pra ele!!!!

Tá vendo? É isso que dá ter a mente estreita e só pensar em dinheiro.... Dinheiro não é tudo na vida gente! Ainda tem os colares, os anéis e os relógios...

No final, ele não me mostrou arma nenhuma, não usou palavrões, não foi violento... Aí um monte de gente veio me perguntar:

- Menina, porque tu não correu?

- Menina, porque tu não deu uma bolsada nele?

- Menina, porque tu não gritou?

Gente, eu tenho amor à minha vida. E sou bem fraquinha, na verdade. Era só um celular. Mesmo que ele tivesse levado minha bolsa toda, aquilo tudo eu podia comprar de novo. E o que a gente faz de ruim pros outros sempre volta pra gente.

E não, não passou ninguém por perto durante toda essa negociação, embora seja um lugar até movimentado e eram só 7h da noite. Lei de Murphy...

E eu já tenho um celular novo, beleléu!!!


E agora é que eu não ando mesmo com dinheiro na bolsa! Já pensou eu ter que entregar meu dinheiro suado pra aquele protótipo de ladrão de meio de rua? Fala sério!!!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E o boi num lambe!!



Tô colocando aqui o texto do Piauiês que teve alguns trechos publicados na revista Cidade Verde. Boa leitura!!


A Arlinda me pediu pra escrever um texto falando do nosso Piauiês, pra postar no blog dela do Vooz. Eu escrevi, ela colocou lá e as pessoas gostaram. Comentaram bem o meu texto. Então eu coloquei aqui pra vocês verem também. Espero que gostem. 

Assunta aí! A Arlinda Monteiro, colega do curso de jornalismo, foi morar em São Paulo pra fazer especialização. E num é que acharam que a bichinha falava esquisito? Mandaram ela parar de falar esse tal de Piauiês e conversar direito. Hum... Hum-hum! Eles é que não sabem a valia que tem nossas palavras...

Durante o curso de jornalismo, nós falamos muito nessa dita-cuja Globalização que, pra facilitar mais a comunicação, todo mundo ia ter que falar parecido. De preferência, uma língua só. Tipo esse Inglês aí, metido a besta.

E apois... Se é pra todo mundo falar do mesmo jeitim, eu voto pro Piauiês ser a língua universal.

Marminino! Tem coisa mais bonita do que ver duas amigas se encontrando e uma dizer pra outra: “Quequiá, mermã?”.

E o nosso gargurau ? É comida de toda versidade. O povo que vem de fora, chega fica de olho grelado quando vê, bem na rosca da venta, uma Maria-Isabel quentinha, acompanhada de paçoca e um pedação decarne-de-sol em cima. Ui... Chega dá na fraqueza,depois.

E isturdia, eu encontrei um livro que se intitulava “A Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês”, do jornalista escrinche Paulo José Cunha.

modos que, eu li que ele ajuntou todas as nossas expressões, as que só eram ouvidas e faladas por essas bandas e levei um espanto.

Arre égua!! Só a gente é que sabe falar essas coisas bonitas?? Porque, num é querendo fobar não, mas... A gente fala bonito, né não siá?

Foi aí que eu tomei entendimento de que o resto das pessoas tinha que experimentar também o sabor de nossa piauiensidade e resolvi usar o jornalismo pra isso.

sucesso do rádio de pilha foi a revista Gargurau que nós produzimos na UESPI. Ela reunia o nosso Piauiês e um de comer de ótima qualidade. E no meio desse aribê de comida boa, nós colhemos as preferidas, aquelas que chega a gente come de capitão, e contamos suas histórias e receitas.

Fizemos pesquisas, visitamos o Mercado da Piçarra, onde a Paixão faz sarapatelmão-de-vaca e buxada de bode como ninguém. Dizem que a comida é reimosa. Mas piauiense que é piauiense, num acha isso não.

Tá certo que, em pleno Bê-erre-ó-bró, comer um prato de baião-de-dois com sarapatel, mão-de-vaca e farinha, no pino do mei dia, é pra quem é muito apresentado. Mas também é bom que chia!

Então, a maior lição que tiramos de todos esses estudos é que, devemos valorizar o nosso quintal. O máximo que podemos. Assim como também temos que aceitar o modo de falar e os costumes dos outros brasileiros. Não há nada mais bonito do que esse taipeirão de sotaques, jeitos e expressões diferentes. E no final de tudo, somos todos a mesma coisa. Somos todos brasileiros.

P.s: Arlinda, manda esse povo parar de frescar com tua cara. Eles querem ser demais. São muito é bom de taca! Que marmota é essa?! Se tu te importar, tu num vale uma cagaita podre! Piauiense é piauiense... E boi num lambe

Porrunchêromermanzinha! Quando tu der fé, eu tô por aí!

GLOSSÁRIO PIAUIÊS
Assunta: Presta atenção.
Bichinha, bichim: forma carinhosa de se referir às pessoas.
Hum... Hum-hum: onomatopéia com vários significados. Aqui eu quis dizer, “coisa sem propósito”.
Valia: importância.
E apois: E então.
Marminino: Ora essa!
Quequiá?: O que é que há? Como vai?
Gargurau: comida.
De toda versidade: de todo tipo.
Olho grelado: arregalado, fixo num ponto.
Rosca da venta: na frente, na cara.
Maria-Isabel: um arroz, tipo carreteiro, feito com pequenos cubos de carne-de-sol muito bem temperados.
Paçoca: depois de frita a carne-de-sol é pisada no pilão com farinha de mandioca e cebola até ficar em fiapos.
Carne-de-sol: carne colocada pra secar no sol.
Dar na fraqueza: bateu forte (a comida).
Isturdia: outro dia.
Iscrinche: coisa ou pessoa elegante, alegre.
Modos que: de modo que.
Ajuntou: reuniu
Espanto: susto.
Arre égua: caramba!
Fobar: contar vantagem.
Siá: Forma sincopada de Sinhá, que por sua vez vem de Senhora. No Piauí é palavra de uso restrito das mulheres ou dos gays.
Sucesso do rádio de pilha: acontecimento de sucesso.
De comer: comida.
Aribê: grande quantidade.
Capitão: comida amassada com as mãos.
Paixão: cozinheira famosíssima do Mercado da Piçarra, bairro da zona sul de Teresina.
Sarapatel: prato feito com os miúdos do bode ou do boi.
Bê-erre-ó-bró: os meses terminados em BRO são os mais quentes do ano (setemBRO, outuBRO, novemBRO, dezemBRO).
Pino do mei dia: meio-dia.
Apresentado: exibido.
Bom que chia: bom demais.
Taipeirão: grande quantidade.
Frescar: Ficar de “frescura”, chatear, mexer com alguém.
Só quer ser: usa-se para criticar pessoa que quer passar pelo que não é.
Cagaita podre: Deliciosa frutinha doce-azeda, muito comum nos cerrados do Piauí e do Centro-Oeste. Com um detalhe: a fruta é laxante, por isso só deve ser consumida gelada, senão dá uma disenteria daquelas de assoviar por trás. “Fulano? Hum, aquilo num vale uma cagaita podre”. Ora, se quente a fruta já provoca esse tiroteio, caucule uma cagaita... podre.
Bom de taca: pessoa que fez alguma coisa errada.
Marmota: coisa esquisita.
E boi num lambe: e não tem pra ninguém.
Porrunchêro: pois um cheiro.
Dar fé: perceber.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Viagem no tempo.



Um dia desses, uma música do Zé Ramalho me fez voltar anos no tempo e sentir o cheiro de café coado no pano que minha avó fazia quando acordava de madrugada, todos os dias.

Acompanhado do café, vinha sempre o rádio ligado na rádio Livramento e eu já ouvi tocar várias vezes esta música, na programação de domingo.

E eu não sei como mas, a casa da vovó nos chamava a acordar cedo e aproveitar cada minuto do dia. Ora, era muita coisa pra fazer e o final de semana era curto.

Um dia, choveu e ventou muito forte e o pé de caju caiu e ficou, finalmente, do nosso tamanho. As raízes, agarradas ao chão, deixaram que ele vivesse mesmo assim e ali, nasceu uma casa com quartos, sala, cozinha... Um navio que atravessava os mares, ou só um pé de caju, mesmo...

O pé de goiaba que ficava aos pés do girau nunca viu uma goiaba madura. A gente, simplesmente, não tinha paciência de esperar!

E minha avó sempre foi briguenta e ranzinza mas, quando eu e minha irmã íamos passar as férias lá, ela bem que fazia canjica pra mim e comprava aquela banana de casca verde que eu só lembro de comer lá.

O vovô só acordava a gente fazendo umas caretas engraçadas e imitando a voz do Pato Donald e a gente morria de rir.

Os bichos viravam gente e ganhavam nomes próprios... Foi assim com a Miúda, a porquinha enjeitada e magricela. Aí veio o Júnior, o cabritinho enjeitado; a Kátia (carinhosamente chamada de Katinha), a cabra marrom e bonita e o Diego, um bezerrinho órfão que perdeu a mãe e quebrou a perna em um acidente com um caminhão.

Tirar manga do pé e comer na hora, banhar de açude, de riacho, subir em árvore e não saber descer, caçar criolí e muta no mato, com medo de se perder...

Parece mesmo que o tempo foi curto. A gente fez muita coisa, aprendeu muita coisa e, mesmo assim, parece que ainda ficou um tantão pra fazer.

Tem gente que diz que eu lembro de cada coisa que aconteceu há mil anos atrás... Eu gosto disso. É quando eu fico mais perto de tudo o que foi bom e continua sendo.

É isso aí.

P.s.: A música era esta aqui.



terça-feira, 13 de setembro de 2011

Lágrimas do ofício.


Eu odeio chorar. Porém, eu choro muito. Choro por tudo.

Isso é meio chato, se você quer saber. Porque o nariz fica vermelho e escorrendo, congestiona suas vias aéreas, o rosto dói, às vezes. Sem falar nos olhos. O olho fica inchado, vermelho, um horror!

Eu sou assim, tipo, desde criança. Sempre tive a sensibilidade à flor da pele. Sempre fui muito sensível à críticas e reclamações e cara feia e puxões de orelha. Meus irmãos sempre diziam: "Ave Maria! Essa menina chora por tudo!"

Sabe aquela frase: "Chora até vendo comercial de sabão em pó com final feliz"? Pois é, se for bonitinho mesmo, não tem como meu olho não ficar "aguado", dependendo do período do mês.

O pior é que ainda tem esse agravante: a TPM, os hormônios. Vixe! Aí é que o "chorador" fica aberto mesmo.

Agora, quem odeia MESMO isso, é o Herlon, meu namorado. Ele não suporta ver mulher chorando. Pior quando a mulher em questão sou eu e as lágrimas saem depois de alguma coisa que ele me disse.

Mas não é que ele não gosta porque fica com sentimento de culpa por me fazer chorar, mesmo sem ter culpa muitas vezes. Ele odeia porque ODEIA. E não sei, tipo, se foi trauma de infância ou coisa parecida. O fato é que ele acha que lágrimas são sinal de fraqueza.

Bom, daí então surge um problema porque, ora, eu choro por qualquer coisa, então ele tem mesmo que conviver com isso, assim como eu convivo com a falta de memória dele.

Quer dizer, faz parte da relação: ele nunca chora e detesta meu choro; eu tenho memória de elefante e acho um absurdo ele esquecer as coisas o tempo todo. Ninguém é perfeito.

E eu até acho que o meu "chorador" é mais frouxo que o de todo mundo. Porque é impressionante, até pra mim, o que acontece comigo.

Quando eu fico nervosa, meu olho fica molhado. Quando eu acho alguma coisa, tipo, MUITO engraçada e caio na gargalhada, as lágrimas saem antes mesmo de eu começar a sorrir. Quando eu leio um texto bonito, eu sinto aquele ardorzinho no olho. Outro dia eu fiz uma declaração de amor pro Herlon e ele perguntou porque eu não disse aquilo sorrindo, ao invés de chorando - ele iria achar bem mais legal. (Mas eu não tava chorando, não... Só tava saindo água do meu olho...).

Eu chorei quando a Camila, de Laços de Família, teve que raspar a cabeça, por causa da leucemia. Eu chorei quando li Helena de Machado de Assis e chorei mais ainda quando li A Ira do Anjos, de Sidney Sheldon. Quando a Samantha terminou o namoro, ela chorava de um lado e eu chorava do outro. E, sim, eu admito que eu totalmente chorei quando eu vi o vídeo da formiguinha, rsrs. (Se você não viu o vídeo da formiguinha, olha aqui). 

E uma vez eu fiz greve de choro.É. Eu disse: "Você. Não. Vai. Mais. Chorar."

Então, toda vez que eu sentia o quentinho no olho eu me abanava com as mãos e fazia uma dança do índio esquisita e piscava os olhos feito uma doida (é claro que, escondida de todo mundo, pro povo não pensar que eu era doida de verdade). Até que funcionou um pouco.

Então, no começo de 2003 eu tive uma depressão. Foi a minha quebra da bolsa de 1929. Daí vocês concluem: eu chorava todo dia.

Era um choro sofrido e cheio  de tanta tristeza que foi bem pior do que hoje, que eu choro ocasionalmente por emoções verdadeiras, porque, naquele tempo, além de chorar eu esqueci de como se sorria. Eu desaprendi. Era esquisito. O riso saia forçado, fraquinho, quase uma careta.

Ah! Sei lá! Será que foi isso que "empenou" meu abridor de lágrimas?

Eu não sei. O que eu sei de verdade agora é que esse choro é só como eu consigo demonstrar minhas emoções. Seja de raiva, tristeza, amor, alegria, medo, angústia... Não é nada demais. É melhor do que eu sair socando gente por aí. (Embora eu ainda ache que o Herlon prefira que eu soque alguém, rsrs).

É isso ai!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tarde de Doida da Lua.


Então, vocês ainda não sabem mas, eu fui demitida do meu último emprego. É. Uma crise geral no grupo onde eu estava trabalhando. E agora eu estou novamente disponível ao mercado de trabalho. 

Nem foi de todo o mal, se eu lembrar que recebi uma boa rescisão, mesmo trabalhando lá há menos de um ano. Além disso, aproveitei para fazer um curso de bolos confeitados que eu queria muito mas não tinha tempo, por causa do trabalho. E, se vocês pensam que eu estou é bem curtindo umas férias estão é muito enganados porque desde que eu saí do emprego, todo dia eu tenho alguma coisa pra resolver, curso pra fazer e com fé em Deus Nosso Senhor, eu não vou ficar muito tempo desempregada. Já até fui chamada pra participar de uma seleção. E, nossa, a última etapa foi, tipo, totalmente Doida Da Lua, rsrs.

A segunda etapa da seleção de que eu participei foi numa quarta-feira. Então esperei que eles entrassem em contato comigo na quinta e na sexta e toda a manhã da segunda-feira e não programei nada pra esses dias pra não atrapalhar na seleção. Então já que até o meio dia da segunda eu não recebi nenhum telefonema, fui assistir a última aula do meu curso.

Peguei um ônibus às 13:00 e fui pro centro da cidade. Foi eu descer do ônibus, 13:50 pro celular tocar e acontecer a seguinte conversa...

-Alô!
- É a Lanussa?
-Sim.
- Lanussa, aqui é a Fulana do Seguinte Plano de Saúde. Você poderia estar aqui às 15:00h para uma entrevista?
(Com cara de Anh! O que que eu faço?!)-Posso, sim. Mas é o seguinte, eu estou no centro da cidade, não estou vestida apropriadamente e não dá tempo de ir em casa trocar de roupa. Tudo bem?
(Risadinha de "bem, por mim você pode vir vestida até de dançarina de Hula-Hula, eu já tenho o meu emprego, obrigada...")-Tudo bem.
-Onde é que fica?
-Fica no Jóquei.
-No Jóóóoquei?! (Bom, pra quem não sabe eu absolutamente não sei andar na zona leste da cidade. Eu não sei nome de rua, é tudo muito parecido e eu totalmente tenho medo de me perder).
-É, você sabe onde é a loja Fulano de Tal?
-Sei.
-Então é por trás da loja.
-Ah, certo. Eu sei onde fica. (Suspiro de alívio).

Desliguei o celular e pensei: "Puta que pariu!! Isso é hora de ligar pra alguém ir fazer entrevista de emprego? Praticamente UMA HORA de antecedência!! E se eu morasse, sei lá, na Santa Maria da Codipi, no Poty Velho?? Mesmo se eu estivesse em casa, eu teria que pegar DOIS ônibus, com o agravante de que aqui no Bela Vista, depois do meio dia, os ônibus simplesmente somem!

Pensei rápido. Uma hora pra chegar lá. Não, eu não ia ter coragem de ir para uma entrevista de emprego com aquela roupa. Eu, tipo, tava parecendo uma "eira". (Eu ia bater perna no centro da cidade, então eu fui confortável e não arrumada.) Ia ser meio que o fim da minha carreira nas entrevistas de emprego. Eles iam colocar aquela informação em um banco de dados das seleções, com acesso internacional, ao lado de uma foto minha com um grande X vermelho em cima: "Candidata costuma se vestir inadequadamente para entrevistas causando grande constrangimento".

Daí, eu saí correndo pra primeira loja de departamentos eu eu encontrasse, peguei o primeiro vestidinho arrumadinho que eu vi pela frente, peguei o primeiro sapatinho bonitinho que eu vi pela frente, sem nem me importar se, tipo, ele ficaria pequeno no meu pé, paguei, troquei de roupa na loja mesmo (deixando o sapato na sacola, porque, claro, eu não seria maluca o suficiente de sair correndo dali com um sapato que, só de olhar pra ele já fazia um imenso calo no meu pé) e rumei pra agência da Caixa Econômica pra sacar dinheiro pra pagar a passagem do ônibus. Sim, eu fui pro centro da cidade só com a passagem de ida mais 60 centavos na bolsa. Eu sei, é muita coragem de minha parte.

Vários quarteirões depois (e meu pulmão já quase saindo pela boca), cheguei na Caixa e me deparei com a multidão que fazia filas em TODOS os caixas eletrônicos. Fiz uma varredura e escolhi a fila que "parecia" menor. Segundos depois eu percebi que o sistema da Caixa estava simplesmente FORA DO AR!!!!

Vocês não têm noção!! Faltava só meia hora pras 15:00h. E ninguém fazia ideia de quanto tempo esse sistema iria ficar fora do ar. Detalhe: antes de pegar o ônibus, ainda no Bela Vista, eu tentei usar o caixa eletrônico da farmácia e não sabia eu que, já não estava funcionando em lugar algum. E já fazia mais de uma hora que estava assim.

O desespero tomou conta de mim. Meia hora! Não ia dar tempo!! Pensa, pensa, pensa!! Deianne.

Deianne é minha prima doida de pedra, sobre a qual eu falei já aqui. Pois bem, a Deianne trabalha na C&A. E foi pra lá que eu corri.

Váááários quarteirões depois, cheguei na loja e fui direto ao departamento onde eu sabia que ela trabalhava. Não a avistei. Cheguei numa garota e perguntei, como se fosse uma cliente qualquer, se ela sabia onde eu encontraria uma Deianne que trabalhava ali. Ela disse:

-Ela é caixa, agora. Fica lá embaixo.

Corri lá pra baixo, não vi a Deianne. Perguntei pra um rapaz:

-Tem uma Deianne que trabalha aqui?
-Ela fica lá em cima.

Subi correndo as escadas e foi a primeira cara que eu vi. Não sabia como chamar a atenção dela, ela parecia estar fazendo alguma coisa importante com outras pessoas ao redor dela.

-Pisiu!

Quando ela me viu, fez logo aquela cara de desespero e disse:

- Não! Eu não posso!! Olha o tamanho da fila!!

Eu fiquei mais maluca ainda. Tinha uma fila enorme esperando pra ser atendida por ela, eu não podia atrapalhar! Era o emprego dela!

Então ela me chamou e pediu que eu ficasse no cantinho, do lado da cliente que ela estava atendendo. Eu fiz o que pude pra ser discreta mas,  mesmo que eu falasse sussurrando, não tinha jeito das pessoas mais próximas não ouvirem...

(Falando o mais baixo e rápido possível...) -Deianne, me chamaram pra uma entrevista de emprego, eu fui comprar roupa e sapato porque tava mal vestida, fui correndo até a Caixa Econômica tirar dinheiro pra pagar a passagem de ônibus e o sistema tá fora do ar e eu não tenho um centavo...
-Eu não tenho um centavo também, não!! (Com aquele olho esbugalhado que só ela sabe fazer...rsrs)
-Meu Deus! Não vai dar tempo!Eu vou desistir! Não vou mais não!
-Espera! Eu tenho um vale transporte, mas tu vai ter que esperar eu sair daqui.
- É o jeito, meu Deus! E como é que tu vai embora, doida?!
-Eu tenho passe eletrônico.
- Ah, tá bom.

Então, ela terminou de atender a cliente, a moça se virou pra mim, pegou no me braço e perguntou:

- Tu quer que eu te ajude?

Eu meio que fiquei sem saber o que dizer e comecei a explicar a ladainha toda que eu contei pra DD, então ela tirou R$ 5,00 da bolsa e me deu. Eu tive que aceitar, fazer o quê? Mesmo fazendo ela achar que eu era uma pobre lascada que não tinha um centavo pra pagar uma passagem de ônibus.

-Ow!! Muito obrigada!!!

Me virei pra DD, que observou a cena toda, acenei e saí correndo enquanto ouvia ela dizer, bem alto:

-Deu certo, prima!! Boa sorte, depois eu te liiiiiigo!!!

E, cara, pra final de filme de comédia, só faltou o pessoal todo aplaudir enquanto eu corria loja afora. Sim, porque TODO mundo acompanhou aquela novela ali.

Mais uma vez, saí em disparada, até a parada de ônibus mais próxima, enquanto eu fazia força pra não morrer (uma pessoa sedentária não pode sair correndo os quatro cantos do centro da cidade, assim, de repente). 15 minutos!!!

Assim que eu cheguei o ônibus parou, entrei, sentei, tentei como pude acertar a maquiagem. Passar rímel dentro de um ônibus sacolejando é coisa de artista de circo...

Coloquei o sapato novo, bonito e, com certeza, desconfortável e levou exatamente 15 minutos, desde a hora que eu subi no ônibus até eu estar de cara com a recepcionista que me ligou uma hora antes. 15:00h, exatamente.

E agora eu mudei meu nome pra Lanussa Raquel Alves Ferreira NINJA.

E, não, tudo isso não valeu de nada, porque eu não fui selecionada pra ser recepcionista do Plano de Saúde, apesar de que eu gostei bastante da entrevista.

Quer dizer, valeu sim! Mais um post com as loucuras que acontecem na minha vida de vez em quando.

P.s: A cliente da Deianne voltou lá de novo. A Deianne agradeceu:

-Ow mulher, obrigada. Tu ajudou minha prima...
-Mermã (notem que elas já estão íntimas), eu não podia deixar ela perder a entrevista dela porque não tinha dinheiro pra pagar uma passagem... (notem que ela realmente achou que eu era uma pobre lascada que não tinha um centavo pra pagar a passagem de ônibus).

E eu fiquei tranquila quando a Deianne disse que ela voltou lá depois pra passar mais quatro pares de sapato que ela tinha comprado além das outras coisas. É, aqueles R$ 5,00 não farão mesmo falta pra ela. Obrigada, moça-desconhecida.

É isso aí!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Comer, rezar, amar.



Gente, fiz uma leitura saborosa deste livro. Elizabeth Gilbert é maravilhosa contando suas experiências na busca do auto conhecimento e do seu equilíbrio.

Curti cada pedaço, cada palavra, saboreando como se fosse os quitutes e delícias que ela provou quando passou pela Itália. A Itália? Se eu pudesse iria pra lá amanhã. Deve ser um lugar maravilhoso de se visitar.

Na Índia, Liz Gilbert me fez lembrar coisas, pensamentos, sentimentos que eu já senti e que queria saber porquê. A sua busca pelo seu verdadeiro eu, pelas resposta de todas as perguntas do mundo. Tudo isso eu também passei, nas devidas proporções, é claro. Mas muito parecido comigo.

Aliás, somos cancerianas apaixonadas e jornalistas, também! Coincidências gostosas e impressionantes. Foi como ler meu diário. Há até textos antigos aqui no meu blog que abordam a mesma temática de algumas das histórias de Liz.

Há partes engraçadas, bem humoradas e profundas.

E Bali é apaixonante e cuturalmente atratente. Ficamos sabendo de coisas realmente interessantes e como uma imensa vontade de ir visitar aquele velho xamã que ficou amigo de Liz.

Leiam este livro. Leiam o livro primeiro, de preferência. Depois assistam o filme.

Só algo mais a dizer: MUITO BOM!

É isso aí!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

E seja bem vindo, João Gabriel.



Quatorze horas e cinquenta minutos do dia três de Junho de 2011.

João Gabriel nasceu hoje de manhã cedo. Ele é filho da minha amiga Rosana e do Dib, que é marido dela. Quer dizer, eles não são bem casados de verdade e tal. Mas eles moram juntos e se amam e pagam as contas da mesma casa, o que é praticamente a mesma coisa.

Eles resolveram ir logo para a casa nova e ir juntando o dinheiro para a festa do casamento mas, agora, pelo visto, o dinheiro vai ficar pro batizado do João Gabriel.


Eu sou a madrinha dele. EU!

Porque eu e a Rosana somos amigas desde o primeiro dia em que nos vimos, aos dez anos de idade. Quer dizer... não desde o primeiro dia. Nem do segundo.

Na verdade eu não fui muito com a cara dela. Ela meio que parecia um trombadinha e tudo mais, com aqueles cabelos curtos e o jeito autoritário de falar com as outras crianças e elas meio que obedecerem.

Mas depois, nós ficamos no mesmo grupo pra fazer um estetoscópio com funil de cozinha, mangueira de plástico e chiclete. Então foi como esse negócio de que nossas almas se encontraram depois de muito tempo...

Daí, em poucos dias eu andava aprontando com a trombadinha-chefe e me metendo em encrencas e colocando ela no meio, também.

Mas o ano acabou e nós tivemos que nos separar.

Foi por telefone que nós nos falamos uma vez por ano, durante três anos. E quando fazia quatro que nós não nos víamos, a gente se reencontrou.

Quer dizer, a gente se viu uma vez, sim. Ela estava com os cabelos compridos, como de menina. Estava sentada na biblioteca do SESC lendo um livro e quando me viu, se levantou e me abraçou. Naquele dia, nós tínhamos onze anos e, quando a gente se encontrou de novo, tínhamos quinze.

Foi numa escola nova. Foi estranho no início. Ela não era mais um trombadinha. O cabelo chegava na cintura e tinha mechas loiras. Ela estava mais alta do que eu e participava ativamente da igreja do bairro dela. Mas, foi questão de tempo para toda aquela cumplicidade voltar como antes.

Logo nós estávamos passando meio que o dia todo totalmente juntas. Da escola para o Inglês e do Inglês para a Educação Física e enfim, às 7:00h da noite, pra casa, pra logo logo uma das duas pegar o telefone e discar o número da outra. E lá se ia mais uma hora de conversa.

Fazia poucos meses que a Rosana tinha começado a namorar o Dib (não é apelido, é o nome dele mesmo...) que é o marido dela agora e o pai do João Gabriel.

Dois anos depois, eu tive que mudar de escola. Foi tipo, muito chato e tudo mais. Mas a gente continuava a se falar por telefone e cartas que eu pegava com a Samantha, amiga nossa que continuava estudando com ela.

Depois nós fomos para o mesmo pré-vestibular e passamos juntas para o curso de Geografia, na Universidade Federal do Piauí e nós crescemos e nos formamos (ela em Geografia, eu em Jornalismo) e começamos a trabalhar e fizemos cartão de crédito e todas essas coisas de de gente adulta. E a Rosana virou polícia e foi correr atrás de bandido, relembrando um pouco o estilo trombadinha (mas só quando ela é polícia, porque ela gosta de fazer as unhas e o cabelo).

Então ela e o Dib compraram uma casa e eu fui lá várias vezes pra almoçar com ela e conversar e sorrir. E hoje ela teve o João Gabriel e eu ainda não terminei de bordar o nome dele no enfeite-de-porta que eu fiz com minhas próprias mãos só pra ele. Mas eu vou terminar a tempo, queira-Deus-Nosso-Senhor, que é pro meu bebê-afilhado não ficar traumatizado por ser o único recém-nascido que não tem um enfeite na porta do quarto da maternidade. A propósito, eu terminei de bordar o enfeite já no quarto da maternidade, dez horas da noite, correndo o riso de ser expulsa por uma enfermeira zangada e briguenta.

Eu estou doida pra ver a carinha dele e muito feliz pela minha amiga-irmã-comadre-trombadinha. Eu sou a madrinha do João Gabriel. Dessa vez é verdade que eu sou madrinha de alguém. E é do João Gabriel.

É isso aí!

Quanto tempo...



Nossa, gente... Quanto tempo eu não venho aqui no meu cantinho de loucuras e doidices...

É essa vida atribulada de gente adulta que tem que trabalhar para sobreviver. Mentira. Os meus afastamentos tem muito de preguiça de escrever mesmo. Pobre do meu blog... Como é que eu quero ser uma blogueira famosa um dia?! 

O fato é que vim matar as saudades.

Vou colocar aqui mais um texto sobre coisas que acontecem na minha vida...

É isso aí!